O acompanhamento nutricional deve ser feito antes e após o procedimento cirúrgico. O paciente que se submete à cirurgia bariátrica, seja ela qual for, tem o histórico de uma série de tentativas frustradas para emagrecer, submetendo-se a todos os tipos tratamentos que podem gerar deficiências e outros transtornos, e, na maior parte das vezes, credita à cirurgia a solução de todos os seus problemas.
No primeiro contato, é muito importante esclarecer que o sucesso do tratamento requer o envolvimento do paciente em todas as etapas do processo (pré e pós-cirúrgico). A manutenção de hábitos alimentares adequados e o consumo de nutrientes específicos são determinantes para a saúde física e mental e a prevenção de doenças. Não se pode resumir a questão da nutrição à visão simplificada do alimento que engorda ou emagrece.
A alimentação que se segue à cirurgia deverá ser líquida por 15 dias, objetivando o não rompimento das suturas até a completa cicatrização. Nesta fase da dieta, os sucos e sopas devem ser coados. Em função do baixo valor energético da dieta, um suplemento alimentar em forma líquida ou em pó é sempre incluído. A partir da segunda quinzena, inicia-se uma dieta mais cremosa. O primeiro mês de alimentação mais líquida e cremosa auxilia na perda de peso e desintoxicação do organismo. Somente após seis semanas inicia-se a dieta em consistência branda, com orientação para uma mastigação eficiente, em pequenas quantidades, evitando-se a ingestão de líquidos junto com as refeições.
A mudança gradual da consistência da dieta tem por objetivo adaptar o paciente à sua nova condição e orientar suas escolhas. Apesar de existir uma rotina alimentar pós-operatória, podem ocorrer adequações de acordo com a necessidade de cada paciente. Mediante a realização de exames e a consultas pré-agendadas, será programada a suplementação de proteínas, vitaminas e minerais. A suplementação será mantida até o paciente atingir o seu melhor estado de saúde, sendo este tempo variável e determinado pela individualidade, dependendo da qualidade e da quantidade ingerida de alimento.
Evite a volta do aumento de peso
Os casos de reganho costumam ocorrer a partir do segundo ano após a cirurgia entre os que não mudam seu estilo de vida para hábitos alimentares saudáveis, refeições mais lentas e conscientes, melhor mastigação e prática de exercícios físicos. Aqueles que seguem essas orientações dificilmente terão problemas.
O acompanhamento psicológico tem se mostrado importante no controle da ansiedade diante do novo. Através dele, torna-se possível reposicionar a relação com os alimentos e pacificar não só o olhar, como o paladar, que pouco a pouco se torna mais seletivo.
Estar diante do alimento deixa de ser estar diante do perigo; ao contrário, é estar diante da principal fonte de vida que temos. Neste processo, o paciente se afasta do padrão alimentar anterior (quantidade valendo mais que a qualidade) e a fome passa a ser o registro de uma necessidade que será contemplada. Nada mais a ver com “cabeça de gordo”.
Outro aspecto importante se refere a gerar uma motivação adequada para a superação do sedentarismo. É hora de ser criativo e buscar a atividade física mais eficaz para a própria saúde, respeitando-se as diferenças entre os indivíduos.